Sou Mary Jane Oliveira Castelo Branco, professora licenciada em Língua Portuguesa e Literaturas, pela Universidade Estadual do Maranhão, leciono há 08 anos.Trabalhei desde o início na UIM Antonio Edson, com a disciplina Portuguesa de 5ª a 8ª séries, turno vespertino, e atualmente estou vivenciando uma nova experiência como formadora do programa Gestar II de Língua Portuguesa.
Para começar minha história não poderia deixar de citar meus pais, que mesmo não tendo acesso à escola, pois moravam no interior do município de Caxias, aprenderam a ler e escrever apenas o necessário para suprir suas necessidades, se esforçaram ao máximo para dá uma educação familiar e escolar de qualidade aos seus cinco filhos.
A educação, para meu pai era muito importante e mesmo não tendo estudado o bastante se preocupou em trazer, do interior para a cidade, seus irmãos e primos para estudarem e mudar seus destinos, o mesmo esforço fez com seus filhos. Recordo-me que meus primeiros contatos com a escolarização foram com minha mãe, ensinando-me a cartilha ABC e depois me matriculou numa escolinha particular, de fundo de quintal, com a professora D. Macedônia, de quem nunca esqueci, em seguida com a D. Dadá que reforçou ainda mais meus estudos. Nessas escolinhas o principal objetivo era apenas aprender a ler e escrever.
Nessa época, meu irmão mais velho já freqüentava o ensino primário, no Grupo Escolar Dias Carneiro, eu ficava na expectativa para chegar o momento de ingressar numa escola “de verdade”. Chegado o momento tão esperado, o dia do teste de admissão, nunca esquecei quando minha primeira professora de Grupo Escolar, D. Marise, pediu-me para copiar a tarefa do quadro-negro e em seguida aprovar-me para o 1º ano.
Não me recordo de leituras em livros paradidáticos, porém lembro-me do primeiro livro de português e da lição intitulada “Araci e Nilo”. Nas aulas o que eu mais gostava era escrever com letra bem caprichada as tarefas do quadro-negro. A escola não tinha biblioteca, mas havia uma professora que realizava várias atividades lúdicas, durante a forma e o recreio. Fora da escola, tive uma infância cheia de brincadeiras infantis como, brincar de roda e ouvir histórias de príncipes e princesas, contadas pelas saudosas, tia Marcolina e minha avó materna Laurentina.
Meu primeiro contato com a literatura foi quando meu pai comprou uma TV, e através do programa Sítio do Pica-pau Amarelo conheci os personagens criados por Monteiro Lobato e as histórias por eles encenadas. Depois passei a reconhecer textos literários de Gonçalves Dias, Castro Alves, Vinicius de Moraes, Machado de Assis e outros, dentro dos livros didáticos dos meus tios. Mesmo com poucos recursos financeiros, meus pais nunca nos deixaram sem material escolar, e aos poucos foram nos apresentando outras leituras além do livro didático, como a revista em quadrinho, o cordel – leitura apreciada pelo meu avô Dodô.
No curso ginasial, de 5ª a 8ª séries, não tive professores que incentivasse a leitura, e as que faziam se limitavam às aulas e leituras de pesquisa, que eu adorava, pois tinha que ir à biblioteca pública, onde havia várias cópias de obras de arte e uma grande coleção de livros. No ensino médio, mesmo a escola possuindo uma biblioteca com um grande acervo, não tinha o incentivo e nem o hábito de leituras para o deleite, limitava-me apenas às leituras didáticas, porém tinha consciência de que ler era importante.
Apesar de ter freqüentado o curso superior em Língua Portuguesa e Literaturas, meus professores, principalmente os de literatura, não foram muito incentivadores a leituras prazerosas, limitaram apenas às leituras que seguiam suas ementas curriculares, e a biblioteca universitária quase não possuía livros que nos favorecessem leitura. E mesmo não sendo uma leitora voraz, tenho consciência de que ler é importante e estou sempre incentivando meus alunos e meus filhos a praticarem não somente a leitura informativa, mas também a leitura prazerosa, pois como disse Monteiro Lobato “Um país faz de homens e livros”.
Mary Jane Oliveira Castelo Branco
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